O avanço tecnológico, especialmente com o desenvolvimento da inteligência artificial, tem gerado receios e desconfianças sobre o futuro digital que está rapidamente a ser moldado.
O World ID, um passaporte digital criado pela Worldcoin, surge como uma solução tecnológica cada vez mais necessária para proteger a humanidade das máquinas. Os benefícios que traz podem superar os riscos potenciais. No entanto, este projeto é complexo e difícil de entender, dado que envolve conceitos como blockchain, cibersegurança, algoritmos de hashing, provas de conhecimento zero (ZKP) e privacidade.
Entre as maiores preocupações está a questão da privacidade, em particular o polémico scanner de íris, utilizado para comprovar a humanidade dos utilizadores. A cobertura mediática frequentemente intensifica o medo de que estamos a vender os nossos dados biométricos em troca de criptomoedas. Esta preocupação, embora compreensível, é baseada no medo do desconhecido ou numa real ameaça? Ou será que advém da falta de compreensão sobre essa tecnologia inovadora?
Vejamos, então, os alegados perigos associados ao scanner de íris. Recentemente, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) suspendeu as operações da Worldcoin em Portugal por três razões: a verificação de íris em menores de 18 anos, a falta de clareza sobre o uso dos dados recolhidos e o possível risco de roubo de identidade.
No que diz respeito ao primeiro ponto, a Worldcoin resolveu a questão ao implementar uma verificação externa que garante a maioridade dos utilizadores antes de prosseguirem com o processo. Questão resolvida.
Relativamente à segunda questão, é fundamental distinguir entre a falta de informação e a incapacidade de compreensão técnica. O site da Worldcoin oferece uma grande quantidade de dados sobre todos os aspetos do projeto, desde a sua arquitetura descentralizada até ao código-fonte aberto, auditorias independentes para verificar as garantias de segurança e privacidade, bem como as implicações legais nos diversos países onde opera. O Worldcoin, na verdade, é um dos projetos mais transparentes no mundo, pois baseia-se nos princípios da blockchain e da Web3, que seguem a premissa “confie, mas verifique”. O código-fonte está disponível publicamente, ao contrário dos gigantes da Web2, como Microsoft e Apple, para os quais confiamos os nossos dados sensíveis sem hesitação.
Além disso, o whitepaper da Worldcoin detalha a tecnologia subjacente, e o site disponibiliza uma vasta gama de artigos, perguntas frequentes e resultados de auditorias de empresas independentes, como a Trail of Bits, que comprovam a segurança e privacidade do sistema. É difícil encontrar esse nível de transparência nas grandes empresas tradicionais da Web2.
Por último, o medo relacionado ao roubo de identidade parece infundado, provavelmente devido à falta de conhecimento técnico. A narrativa mediática sugere que a Worldcoin está a “comprar” imagens da íris de cidadãos desavisados para armazená-las numa base de dados, com a possibilidade de um uso futuro prejudicial. Essa visão é distorcida.
Contrariamente ao que se pode pensar, a Worldcoin não armazena as fotografias da íris numa base de dados associada à identidade do utilizador. De facto, por padrão, os dispositivos Orb não guardam nenhuma cópia da imagem. Através de cálculos matemáticos avançados, a Orb apenas verifica se a íris corresponde a um ser humano único, sem associá-la à identidade real da pessoa.
Em termos simples, a Orb cria um código único da íris (que não identifica ninguém diretamente) e armazena-o na blockchain. Esse código é gerado por uma função de mão única, o que impede a reconstrução da imagem original da íris. Portanto, o suposto perigo de roubo de identidade não existe.
Além disso, a equipa da Worldcoin desenvolveu novas funções que permitem ao utilizador apagar o seu código de íris após a verificação, e agora também oferecem a custódia pessoal dos dados, um conceito essencial no universo Web3. Ou seja, toda a informação gerada é armazenada apenas no telemóvel do utilizador, garantindo assim o controlo total dos seus dados pessoais